Novas reviews de Spring Breakers!


Saíram mais duas reviews de Spring Breakers, que teve sua estréia no festival de Veneza semana passada. Os sites Grolch Film Works, que deu 4 de 5 estrelas para o filme, e o The Film Stage tiveram reviews favoráveis, demonstrando mais uma vez o sucesso da crítica. 

CONTÊM SPOILERS!
Grolch Film Works:
Ok, nós podemos finalmente informar que Spring Breakers de Harmony Korine é tão louco, exagerado e incrivelmente radical quanto esperávamos. Enquanto não foi o seu melhor, é sem dúvida seu filme mais divertido e acessível até agora.
Como a fotógrafa Diane Arbus, Korine é conhecida por mirar sua câmera para, se ousamos dizer, pessoas que são interessantes de se olhar. Então, enquanto a cortina subiu em seu mais novo filme, nós ficamos um pouco surpresos em ver meninas perfeitamente bronzeadas em biquínis minúsculos pulando em slow motion, parecendo extras em um clipe do Jay-Z ou algo assim. Mas espere um pouco, não é tão idílico como parece.
O filme conta a história de quatro garotas que estão disposta a fazer qualquer coisa para fazer seu spring break acontecer. Então, para financiar sua viagem, três das garotas roubam um restaurante. Já na Flórida, as garotas festejam como loucas – realmente loucas – e previsivelmente acabam na cadeia. Mas, para a sorte delas, elas são livradas por um traficante de drogas e armas aleatório que atende pelo nome de Alien (James Franco). Mas o que esse Alien quer em retorno?
A gangeu de garotas são, é claro, interpretada pela favorita da Disney Selena Gomez (Outro Conto da Nova Cinderela), Vanessa Hudgens (série High School Musical), Ashley Benson (Days of Our Lives) e a esposa de Harmony Rachel Korine. Selena Gomez é brilhante como a mais inocente do grupo que, após perceber que sua experiência de spring break não é o que esperava, não quer mais do que ir pra casa. E depois de muita reclamação, ela finalmente vai. Então, quando o filme parece que vai começar a decair, James Franco entra como uma paródia de todo rapper branco principiante que você já viu – ele até tem o pôster de Scarface para provar. Enquanto as garotas dão performances decentes, é Franco, com seus dentes de ouro e seu cabelo, que rouba o show.
Ao invés de mostrar o dedo do meio para Hollywood filmando em VHS (Trashhumpers) ou filmando pessoas que você nunca veria em um blockbuster (Gummo), o filme de Korine tem uma camada brilhante nele (tirando alguns clipes filmados de uma TV) e inclui pessoas que você veria em filmes adolescentes grandes (com Selena Gomez e companhia). É uma nova direção para Korine, que poderia ser classificado anteriormente como um outsider. Agora, ele está bem no meio de tudo, mas ainda se recusando a jogar pelas regras. Pode parecer diluído, mas Spring Breakers é tão transgressivo quanto seus outros filmes.
De acordo com uma entrevista, Korine foi tão viciado em andar de skate quando era mais novo, que pulou toda essa coisa de spring break. Então, o filme é, em parte, sua maneira de compensar por essa perda. Bom, ele certamente fez isso e um pouco mais. Spring Breakers é enérgico, imprevisível e claramente apreciável. Uma propaganda para aquele spring break sensual que você sempre quis. Ou talvez não.
The Film Stage:
Harmony Korine é normalmente considerado um provocador, com filmes como Gummo, Julien-Donkey Boy e Trash Humpers, retratando instalações suburbanas populadas por loucos ou subversões da típica unidade familiar. Seu mais novo filme, Spring Breakers, tem recebido muito interesse durante seu período de produção, graças ao elenco de ícones do Disney Channel Selena Gomez e Vanessa Hudgens, além de James Franco no papel de um criminoso inspirado fortemente no rapper Riff Raff. Adicione a isso um conceito facilmente comercializado e de aparência lustrosa, muitos ficaram intrigados para saber qual seria o resultado final. Mas se alguém estava esperando que Harmony Korine tivesse se vendido, então pode respirar de alívio.
Nós temos o conceito de quatro garotas universitárias roubando para ir para o spring break e que eventualmente acabam envolvidas com um traficante de armas que canta rap. Antes que nós sejamos introduzidos para nossas personagens principais, a cena de abertura nos informa da verdadeira intenção antropológica do filme. A trilha de dubstep do Skrillex toca sobre os corpos jovens e frequentemente nus musculosos, balançando, em uma praia da Florida; cerveja é engolida, derramada e esparramada. Certamente nós esperamos todas essas coisas quando pensamos no ritual anual de spring break; os corpos, a bebida, as batidas, – mas a unidade de movimento desordenada, abrasiva e natural cria um ar de destino que vai estar presente em todo o filme.
Pelo seu formato digital, Breakers brinca com uma variedade de efeitos visuais que são unidos por um série de elipses. A fotografia digital maravilhosa do filme – gravada pelo cinegrafista regular de Gaspar Noé, Benoit Debie – enfatiza cores fortes que são frequentemente jogadas sobre as personagens. Além disso, o filme introduz (e logo solta) o conceito de mídia, cortando entre formatos de saturação pesada e digital, isso empurrado a um extremo quando mutações assustadoras de imagem ocorrem.
Mais importante, com a fragmentação dessas imagens, vem uma falta de senso de tempo, ou até de realidade. Enquanto Korine certamente puxa certos toques naturalistas de seus atores e do set, eles essencialmente existem em uma forma de vida após a morte; começando no limbo da faculdade e viajando até o inferno quando vão para o spring break. As desaparições que as personagens fazem em vários pontos da narrativa – assim que elas conseguem tomar conhecimento do que está acontecendo ao seu redor – apoia isso.
Mas, nesse ponto, eu quero destacar Franco. Sua performance como Alien (“I’m out of this world”) é impressionante por uma variedade de razões. Enquanto sua aparição inicial com cabelo e dentes brilhante é engraçada por si só, isso assume outras dimensões. Alien é hilário e assustador ao mesmo tempo; um símbolo da sátira em sua decadência nojenta e seu anti-intelectualismo que chega a um buraco de moral manipulador e niilista. Franco intepreta sua atitude de maconheiro e timing cômico por um lado, seu charme natural e sua intensidade surpreendente por outro.
Tudo isso dito, Spring Breakers não é necessariamente um filme moralístico condenando algo, mas um poema sobre as emoções de uma estupidez adolescente. Ele penetra o que é mal e a melancolia saindo de baixo das superfícies pop até um ponte de terror e entretenimento desenfreado.

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